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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Resposta da LBL à homofobia do Vereador Carlos Apolinário

O Vereador da cidade de São Paulo Carlos Apolinário (DEM), publicou na edição da Folha de São Paulo da última segunda-feira (07/06/2010), um artigo cujo título era "Ditadura Gay". Nele, o vereador destilou toda a sua homofobia e hipocrisia. A LBL repudia esse tipo de manifestação discriminatória. Essa é a nossa resposta que a Folha de São Paulo se recusou a publicar:

Ditadura gay ou luta por direitos?

Todo movimento que busca corrigir desigualdades históricas enfrenta resistência. Foi (e ainda é!) assim com as mulheres, com os negros, e também com aqueles que se encaixam em alguma das letras da sigla LGBT.
Esta sigla inclui uma diversidade tão grande de modos de ser que pode não parecer muito claro o por que de aparecerem sempre juntas. Lésbicas têm em comum com gays e bissexuais a atração afetivo-sexual por pessoas de seu mesmo gênero, exclusiva nos dois primeiros e contingente nos últimos. E todos eles têm em comum com travestis e transexuais o preconceito de gênero, pois não se enquadram no conceito fechado de homem e mulher que aprendemos desde crianças como o único correto. Então, o que une os LGBT é a origem do preconceito que enfrentam.
Ele tem raízes tão profundas que muita gente tem medo de apoiar o movimento LGBT pelo simples receio de ser confundido com um. Se o preconceito não fosse imenso, muito maior do que as pessoas costumam pensar, por que seria tão terrível correr o risco de passar por homossexual? Esta constatação vai de encontro à idéia de que este preconceito praticamente não existe mais. Tanto existe que 'veado' e ’sapatão' são palavras frequentemente usadas no intuito de ofender alguém. Por que seriam ofensa se não há problema algum em ser homossexual?
Mas tornou-se politicamente incorreto assumir-se preconceituoso. E a maneira de não manchar a própria imagem é dizer que respeita os LGBT, mesmo que suas atitudes demonstrem o oposto disto. É o caso, por exemplo, do vereador Carlos Apolinário. A demonstração de respeito que ele nos traz é seu discurso favorável à negação dos nossos direitos à união e adoção.
Ora, nossa Constituição prevê direitos iguais a todos os cidadãos, sem distinção de qualquer natureza. Haveria um motivo maior para negar alguns deles a uma parcela da população? Refiro-me especificamente à parcela a que o vereador chamou de "categoria especial", insinuando que somos privilegiados. Que conceito de privilégio é esse?
O "motivo maior" que o torna contrário ao direito à união entre homossexuais tem origem no discurso de algumas religiões. Para elas, casamento seria um sacramento reservado exclusivamente a uma mulher e um homem. Tivesse o vereador lido o PL 1.151/1995, que apresenta a proposta da união civil entre homossexuais (até hoje nunca votado devido a deputados que, como ele, respeitam os homossexuais), saberia que o casamento religioso não é tema de deliberação deste projeto de lei. O projeto tampouco é um instrumento que poderia contribuir para o outro “motivo maior” que impede a aceitação da garantia de direitos iguais, a adoção. De autoria de Marta Suplicy, ele infelizmente não contempla a adoção dentro da união civil proposta.
Mas a principal “ameaça gay” parece ser o PLC122/2006, que prevê, dentre outras coisas, a inclusão do preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero como crimes equiparáveis aos preconceitos de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero e sexo. Alega-se que a redação do PLC122 funcionaria como uma mordaça que impediria qualquer um de se pronunciar contra os LGBT e seu movimento.
Não é preciso raciocinar muito para ver que, se a inclusão do preconceito por orientação sexual e identidade de gênero como crimes são uma mordaça à população, todos os demais tipos de preconceito listados também o são. O problema não é acreditar que a homossexualidade é pecado; é levar as pessoas a crer que relações consensuais entre duas pessoas adultas pode ser equiparável a desvios de conduta como pedofilia, necrofilia e zoofilia.
Não estamos vivendo em uma ditadura gay, e nem iremos, porque não é esse o nosso objetivo. O direito de não gostar do que somos e de acreditar no que sua fé professa deve ser respeitado. Mas discriminar, ofender, e se valer de mentiras para perpetuar a negação de direitos iguais deve ser crime. É por isso que lutamos.

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